Zoo de Barcelona: ir ou não ir? Eis a questão!
Este ano eu fui ao zoológico de Barcelona. Era um dia quente e eu estava um pouco angustiada em casa. Pensei que ver bichinhos ao ar livre me ajudaria a espantar o calor e a angustia. Convidei minha amiga Mônica com o filho, pois achei que seria um bom programa infantil. O resultado não foi o esperado! Sai de lá com uma sensação, tremendamente, desagradável e reflexiva. Nosso pequeno acompanhante também não se interessou pelos animais. Correu, conversou, subiu onde podia. No entanto, o que ele mais gostou foi uma estátua de cimento do dragão de Komodo.
A visita ao zoológico de Barcelona começa com as aves. Logo na entrada estão as araras. Isto já me provocou um sentimento ruim. Quando uma arara ou papagaio é caçado, outro morre, pois eles vivem em casal. Seguimos em direção aos macacos. Espaço pequeno para tantos bichinhos. Tive que respirar. Relevei, afinal os macacos sempre são engraçados. Fomos ao espaço dos dragões de komodo, um bicho que me chama a atenção. Estavam todos em modo siesta. Como você já sabe, neste momento, o que fez sucesso foi a estátua dos dragões e foi difícil convencer o pequeno que havia mais bichinhos diferentes e divertido pela frente. O encontro mais difícil estava por vir. Somos caminhando e chegamos no espaço dos ursos pardos. No zoo tem três urso: 1 sozinho e 2 juntos. Quando olhei para baixo, lá estava um urso pardo, sozinho, deitado, com os olhos tristes e o corpo ardendo de calor. Quando chegamos ele levantou a cara e nos olhou. Sua tristeza invadiu meus olhos e foi direto ao meu coração. Me senti mal, triste e indignada por estar lá. Neste momento pensei: Ele está triste, vejo nos olhos dele. E me perguntei: eu posso recomendar a ida ao zoológico no meu blog? Concluí que não! E parei para refletir sobre os zoológicos e sua real importância no mundo em que vivemos.
Os zoológicos são instituições relacionadas com o Imperialismo e com o hábito de colecionar animais. Tempo em que as nações europeias se lançavam a África em busca de novos território. O exotismos dos animais lá vistos estimulou a criação de um espaço onde os mesmos estariam expostos à visitação humana. Atualmente, algumas pessoas defendem que os zoos são espaços educativos, de preservação e conservação das espécies. Para mim é uma prisão, que não estimula o amor aos animais e sim alimenta o egoísmo do ser humano em relação a outras espécies.
No mundo em que vivemos, conectados à internet e com acesso à informação, ninguém precisa ir ao zoológico para ver como vive um leão. Mesmo porque não vai ver como vive o leão. Ele não está no seu hábitat natural e, portanto, não se comporta como um leão. Ele está dentro de uma jaula limitada, com outros animais e as únicas coisas que faz é comer, dormir e andar de um lado para o outro. Educativo é ver um documentário da National Geografic feito na África, onde vemos felinos caçando e convivendo em manda. Como pode ser educativo ver um grupo de capivaras em uma piscininha e limpinhas? Na cidade dos meus pais, Blumenau, tem capivaras e a gente vê elas na beira do rio, sujas de lama, comendo grama. E assim aprendemos que elas vivem perto dos rios e que anda sempre acompanhadas, porque nunca vemos uma capivara sozinha. A única coisa educativa que tem no zoológico é a placa falando de onde vem os animais e explicação sobre eles. Para isto não precisamos ir ao zoo, né?
Você pode argumentar então que o zoo é um lugar de conservação de espécies ameaçadas de extinção. Agora eu te convido a pensar: se realmente queremos que os animais não entrem em extinção porque fazemos de tudo para destruir o seu hábitat? Por que compramos papagaios e tartarugas para ter em casa? Por que comemos animais exóticos? Por que vamos caçar na África? Este argumento é muito egoísta da nossa parte. Porque o que queremos é ter os animais ali, expostos, para o nosso bel prazer. E aceitamos que eles vivam presos, mal cuidados e submetidos ao stress e a violência de não serem quem são.
Dizer que os animais que estão ali são reproduzidos em cativeiro não ajuda a aliviar a minha dor. Seguem sendo animais privados de serem quem são, de correr, de caçar, de se comportarem como a natureza exige. E os que nasceram livres e foram parar no zoológico? Este foram caçados violentamente, separados de suas famílias, transportados em caixas, se virão confusos e em um lugar que não conhecem, foram agrupados com animais de outras regiões. Isto não toca o teu coração?
Para terminar meu relato sobre o zoológico de Barcelona, ou melhor, sobre todos os zoológicos do mundo, o zoo daqui tem um delfinario. Um lugar onde o visitante pode “desfrutar” de um show com golfinhos. Eu repudio totalmente show com animais.
Sabe o que mais gostei do Zoológico de Barcelona? Foi o pavão. Ele sim é livre, porque decide para onde vai. Anda por todo os lados do zoo e ainda sai livremente para passear no Parc de la Ciutadella. Não existem muros e nem grades que o impeça de voar.
Queridos leitores:
Deveriamos aproveitar que o mundo todo discute a morte cruel do leão Cecil, na África, para pensar sobre os zoológicos e todos os centros de exibição de animais. Existem outras maneiras de educar sobre o mundo animal, outras formas de preservar. Quando a gente ama, a gente quer aquele ser livre e feliz. E isto é o que devemos querer para os animais. Se você busca uma forma de entretenimento para o teu filho em Barcelona, pode ir aos museus, praças, parques de diversão, praias e parques da cidade. Alugue uma bicicleta e vai passear com ele. Já tive clientes que fizeram isto e a diversão foi garantida.
Oi Cris
Amei a sinceridade de coração de seu post. Também fico deprimida em zoo.
Obrigada pela mensagem! Tão bom saber que tem mais gente neste mundo que sente como eu!!!
Penso a mesma coisa, zoo e aquários nunca entram nos meus roteiros! Detesto! Abomino!
Que maravilha, Roberta!!! 😀
Bravo! Post extremamente relevante!
Existem algumas poucas organizações pelo mundo que condenam a existência de zoológicos em pleno século XXI. É uma pena que grande parte da população veja o cativeiro de animais selvagens como entretenimento.
Muito obrigada! Tb acho uma pena. Abraço!
Cris, como tu também sinto um imenso mal estar ao visitar zoos, o último que visitei foi em Lyon, que é gratuito e fica no parque da cidade. Quando vi pela primeira vez na vida um mico leão dourado do outro lado do mundo, longe de seu habitat, me senti péssima. Entrei porque estava no nosso trajeto, mas rapidamente sai dali. Lembro de uma visita que fiz há muitos anos ao zoo de BH, quando trabalhava com professora de inglês. Fui acompanhando uma turma de crianças, em parte meus alunos. Quando chegamos na jaula do gorila, ao vê-lo deitado, prostrado e com o braço cobrindo o rosto, me virei pra chorar. Espero, do fundo do coração, que os zoos deixem de existir. Não vai ser num zoo que vou levar bebê pra conhecer os animais que enfeitam seu quartinho, mas no habitat natural deles.
Oi Natalia,
Fiquei sabendo que para um gorila estar em um zoo toda a família dele teve que morrer. Muito triste. Nem me fale, um mico leão dourado na França! Verdadeira barbare. Bem que vc faz, o melhor é educar nosso filhos em loco. Um beijo e obrigada pelo comentário.
É… a gente sempre fica na bad quando vamos em Aquários e zoos. Os animais em lugares minúsculos quando deveriam estar na natureza. Normalmente eles estão com cara de tédio absoluto. E muitas vezes fora do seu habitat. Em Santos no fim do ano os pinguins se aglomeravam embaixo das gotas de água que caiam do ar condicionado 🙁
No Laos fizemos o passeio de elefante e a certa altura os caras começaram a bater no elefante com uma madeira com prego para que o elefante enfiasse a cabeça embaixo d’água. Quis morrer. Falamos pro cara parar e que o elefante não precisava fazer isso. A gente tava feliz de estar ali com os elefantes apenas.
No Egito o camelo da Gabi estava claramente passando mal. A gente via que o bicho tava sofrendo. Uma hora sentou no chão e não queria mais levantar. Os caras batiam nele.
As vezes a gente não se controla e faz esses passeios, mas sabemos que temos que parar. São raras as vezes que os animais são bem tratados. Para que aprisionar os animais para ficarmos lá olhando???? Somos os animais mais estranhos…
Ai, Fabia… Vc tem que ler outro post que tenho falando sobre turismo com animais. Vc nunca mais vai querer fazer nada com bicho. Os bichos sofrem muito e são muito maltratados. Os elefantes não foram feitos para carregar pessoas e eles sofrem muito.
Um beijo e obrigada pelo comentário.
Cris, aqui em Roma o Zoo se chama Bioparco. Na verdade ele foi criado com projeto de biologia para salvar animais que estavam em circos, animais apreendidos em contrabando ilegal ou de zoos que fecham. Existe um projeto e, se um animal morre, ele não é substituído por outro. O Bioparco nem é um zoo muito bonito e arrumadinho (tipo o de Berlim, por exemplo) para dar aos animais muita liberdade e espaço. E com essa pegada tb nao tem uma quantidade enorme de animais, mas, sim, muitos cursos e workshops para crianças e adultos.
Lu,
isto sim é legal, pois é um lugar de recuperação de animais e um lugar de cuidado. Afinal, o que fazer com animais de circos que fecharam e que foram apreendidos em contrabando? Eles tem que ter um abrigo, pois muitos não podem voltar para o seu antigo hábitat. isto vai muito além do simples ego exibicionista de ter um animal ali, preso, só para a gente ver.
Adorei saber deste lugar.
beijo
Sim, e é muito legal ver os biólogos dando explicações e tem uma parte dedicada às pegadas dos animais, etc. Eu chamo de “zoologico de bem”.
Assino embaixo! Parabéns pela reflexão! Já visitei zoológicos, mas, desde que me dei conta da crueldade que é manter os animais ali, nunca mais!
Camila,
Obrigada pelo comentário. Pois é…eu fui para ver o que ia sentir, pois já faz tempo que tenho me informado sobre zoológicos e outros tipos de centros que dizem proteger os animais e no fundo são pura crueldade.
Cris, obrigada pela tua reflexão sincera e necessária. Não é porque trabalhas com turismo que precisas achar tudo na cidade o máximo. Eu cheguei a considerar algumas vezes se deveria ir ao Zoo de BCN, já que vivia ao lado, mas decidi que não, exatamente pelos mesmos motivos que tu. E isso é o mínimo que a gente pode fazer por esses animais. BCN é uma cidade tão bonita e tão avançada em muitas coisas, já tá na hora de repensar o zoológico.
Obrigada em nome dos animais!
P.S: Me lembro do pavão passeando pelo parque, hehe!
Emilia,
Obrigada pelo comentário. Eu fui mesmo para poder pensar sobre o zoo. Também estou de acordo contigo. Barcelona é linda, cheia de atrativos, e não precisa de um zoo.
Um beijo e volte sempre! 🙂
Volta para cá que estou com saudades de ti! 😀
Oi, concordo sim com tuas palavras, uma síntese de como ainda convivemos com hábitos primitivos. Os animais tem seus habitat naturais que devem ser preservados. Criar parques ou reservas para eles, e usar de leis claras e rígidas para a proteção.
Ricardo,
Obrigada pelo comentário. Tb estou de acordo. Proteção é a melhor opção!
Beijo
Eu não sou perfeita e acredito que ainda cometo muitos erros no quesito “animais”… Mas tento melhorar a cada dia. Cris, concordo com tudo o que você escreveu. Não quero mais frequentar zoológicos, shows com animais (circos e afins…) e qualquer outra coisa que tenha a ver com seres humanos(???) explorando uma vida indefesa. Para mim, o nome de isso tudo (incluindo o caso do leão Cecil) é covardia, pura e plena. Muito bem colocado tudo o que você escreveu…
Um beijo e espero ver as próximas gerações desinteressadas desse tipo de atração, assim como o filho da sua amiga.
Maurren,
o importante é tomar consciência de que atividades com animais não são legais. Eu estou super de acordo contigo. Eu também espero. Espero sinceramente que isto tudo mude.
E obrigada pelo comentário.
Beijo!