Eu e Barcelona: 4 anos!
Domingo, 20 de outubro de 2013, eu fiz 4 anos em Barcelona. Poderia ser a hora de comemorar, mas prefiro refletir sobre meu processo de imigração e adaptação.
Chegar não foi difícil. Não era a primeira vez que eu deixava a minha família, amigos, nem me mudava de cidade ou ia morar em outro país. Já tinha vivido em Porto Alegre, Blumenau, Floripa, Rio de Janeiro e Roma. Só que desta vez, a partida tinha outro gosto! Mais inseguranças e muito menos certezas. Vendi tudo que tinha no Rio, abri mão de objetos. Tudo bem! Eram só objetos. Deixei minhas grande amigas e me separei dos meus livros. Ai sim doeu! Mais difícil que isto foi abri mão de um sonho por outro. E eu apostei alto!
Cheguei no outono e o inverno não demorou em chegar. Chegou frio, com temperaturas nada comuns para uma cidade mediterrânea como Barcelona. A alegria da chegada foi indo embora à medida que o inverno adentrava. E o inverno também entrou em mim. As certezas se foram e deram lugar a comparação.
Comparar talvez seja o primeiro movimento que um imigrante faz quando está em outro país. Comparei o clima, comparei a comida, comparei a infraestrutura e comparei as pessoas. Neste movimento, esqueci de me integrar e procurei na Catalunha o Brasil. Fiz amigos brasileiros, encontrei uma roda de choro, fui ao samba. Quase conseguia reproduzir a minha vida no Rio em Barcelona. Foi quase…
Então, rejeitei! Não consegui rejeitar Barcelona, pois sua beleza não me deixava indiferente. Mas, fingia que não via. Tentava não olhar para ela, evitando o olhar direto como quando você fala com alguém. Se a cidade não me deixava ficar indiferente, eu encontrei na língua a forma de ignorá-la. Rejeitei o catalão. Fiz desta língua meu grande inimigo. O que para os catalães é seu maior bem, sua forma de ser e estar no mundo, para mim era uma obrigação que me perseguia. Fui aos cursos gratuitos, oferecidos pela Generalitat, e nestes cursos fui construindo uma relação de amor e ódio com a língua. Que culpa tinha ela? Nenhuma! Então passei a culpar a professora, o sistema de integração desenvolvido pelo Estado Catalão. E me afastei da língua catalã por 4 anos.
Em 4 anos me descobri o outro. Me tornei o imigrante e senti que não tem distinção entre os tipos de imigrantes no olhar do nacional. Eu achava que por ser imigrante do amor, como eu chamo, fosse vista diferente. Não! Casar com um catalão não te torna uma também. É preciso conquistar um espaço e lutar sempre contra a tua condição. Aqui, ou fora do teu país, você tem que se esforçar mais para provar quem você é e o valor que você tem. Eu descobri que um título de doutora, em uma das melhores faculdades de história do Brasil, tem a capacidade de perder todo o seu valor. Você passa a ser mais um e tem que lidar com o orgulho e a vaidade. E isto não é fácil. Foi ai que eu tive que conquistar o meu espaço e aprender que a cada queda a única coisa que resta é levantar, sacudir a poeira, e seguir em frente. Desistir não é a palavra! Ainda que, muitas vezes, eu tenha desistido. Então você aprende a se reinventar.
Eu me reinventei. Virei blogger. Criei um blog que me fez olhar de frente para Barcelona e para a minha vida nesta cidade. Um blog que me deu motivo para amar Barcelona e a minha vida aqui. Que me deu estimulo para seguir vivendo nesta cidade e que todo dia me aproxima dela e me faz quer estar aqui. Um blog que me dá prazer e que preenche o espaço vazio deixado pela sala de aula. Um blog que não me afasta da História, a minha grande paixão. Escrevendo, me sinto importante, sinto que faço a diferença na vida das pessoas e elas fazem a diferença na minha. E assim, eu acredito, que os tempos difíceis vão ficando para trás, que minha adaptação vai se consolidando e as certezas começam a voltar.
Se no ano passado eu dizia: eu quero voltar para o Brasil. Agora eu respondo: NAO SEI!
Bom Dia,
Cris
Cheguei no seu blog faz pouco tempo, mais ele tem sido fundamental na minha vida pois estou pensando seriamente em lagar tudo aqui no Brasil e me jogar em num novo país, numa nova cultura, recomeçar uma nova vida e Barcelona é o destino mais provável.
Suas dicas tem sido de grande valor….
Nunca desista de blog!
Beijos
Oi Gleice,
Obrigada por tuas palavras. Um estimulo a não desistir do blog nunca! 🙂
Se jogue, mas se jogue com a certeza que as coisas aqui nem sempre podem ser fáceis.
Um beijo!
Cristina, Muito Prazer, sou Ester.
Sou do RJ, moro ha 5 anos na Holanda.
Nossa, to impactada com seu texto, pois eh exatamente tudo o que
Passei.
Desde 92, Nas Olimpiadas. Sonho conhecer Barcelona, qdo
Legendei um documentario p Globosat.
Qdo Conheci seu blog, ha alguns meses, pensei: vai Ser com a Cristina!
Afinal, a vida eh Uma grande sincronicidade..
Vou Fazer um blog sobre a cultura daqui e Meu eterno choque cultural , amo escrever e queria lhe perguntar se vc conhece algum programador.
Parabens por ter sido eleita para o cargo, (desculpe, esqueci o nome).
Parabens por ter usado sua inteligencia emocional para Superar os desafios de todo imigrante e pela honestidade do texto,
Admiro seu carinho e etica com os leitores, vc responde a todos os comentarios.
Um bjo e ate um futuro breve ai em Barcelona,
Mto sucesso e amor,
Ester
Oi Ester,
Que comentário mais bonito! A vida não é fácil para ninguém, né? Ainda mais para a gente que é imigrante. Faça seu blog sim! Tenho certeza que vai ser legal e vai ajudar a muita gente. Volte para me apresentar o blog. Espero que vc venha a Barcelona logo e vai ser um prazer te levar por esta cidade linda. Vc vai amar Barcelona.
Um beijo e tudo de bom para ti! Obrigada por todos os teus votos de sorte e carinho!
Adorei reler esse post, Cris. Parabéns, guerreira!
OI Lu, muito obrigada! Somos guerreiras! 🙂
Beijão!
Oi Cris,
Não tinha parado ainda para ler o seu blog, acompanho pelo Facebook. Hoje parei para ler e adorei.
Parabéns pelas conquistas ! e adorei principalmente esse texto. Estou aqui torcendo por você.
Binho,
Que alegria ter você por aqui! Que bom saber que gostou do blog, isto me faz super feliz!!! Obrigada pela torcida! Saudades de vcs.
Beijo e tudo de bom!
Cris,
comecei a ler o teu belo post e tive que parar para encontrar energia.
estou há 2 anos em Madrid, talvez ainda esteja na fase da aposta alta!
ainda comparo tudo o tempo todo e me deixa com raiva, de mim porque não é justo com ninguém, nem com a cidade, nem comigo mesma.
o espanhol continua brigando comigo, assim com todas as contradições.
estou conquistando meu espaço e ler o teu post agora, outra vez, me fez sorrir, respirar fundo e aliviada porque, talvez, você já tenha achado a chave: reinvenção!
e a vida segue …
adoro o blog!!
Sandra
Sandra,
Obrigada pelo teu comentário! Pois entao, eu desejo para ti o melhor caminho e se o meu post te ajudar a encontrar e a entender o teu processo fico muito feliz. O processo é longo, nao é fácil, mas o importante é sorrir e se encontrar. Um super beijo e sorte!
Oi Cris! Que delicia ler seu blog! Acredito que de alguma forma acabei “viajando” em suas palavras, que se aproximam muito do que vivi em quase 7 anos na Italia (com marido italiano e filho pequeno).
A adaptacao nao foi facil, a solidao interna foi enorme, assim como a saudade da minha vida. Em 2011 voltamos para o Brasil, mas nas ferias vamos visitar a familia do meu marido e os amigos que la deixamos.
Em Janeiro estaremos 3 dias em Barcelona, uma cidade que conheci e fiquei apaixonada em 1999 quando estudei em Salamanca. Bjs e se voce tiver dicas para passeios com criança de 8 anos eu lhe agradeço muito :-).
Oi Andrei,
Obrigada pelas tuas palavras. É tao bom saber a experiência de adaptaçao de outras pessoas. Tem muita coisa para fazer com criança de 8 anos por aqui. Eu fiz um post especial sobre o tema:https://www.soldebarcelona.es/barcelona-com-pimpolos.html
Beijo e boa volta a Europa!
Ei, Cris! Sabe que sempre achei que vc tinha mais tempo de Barcelona? Acho que porque nos conhecemos logo que vc chegou… Muito bom o post. Cada um passa por suas experiências pessoais, mas acho que sempre há um fundinho comum… que nos identifica a todos! Bjs e sucesso!
Olá Cristina, parabéns pelos 4 anos! Me identifiquei e viajei nas tuas palavras. Muito legal teu empenho e criatividade em reinventar a vida nas terras catalãs. Uma historiadora que faz e escreve sua historia!!!! E ainda por cima constroe uma relação de amor!!!! Muito legal! Até dezembro em Caxias, beijos. Mônica
Mônica,
Tao bom receber palavras tuas, pessoa que admiro muito! Fiquei muito feliz com o que vc escreveu. Obrigada! Até dezembro!
Cris, amiga linda! Adorei ter lido seu relato: admiro sua coragem, sou testemunha do seu amor e quando penso na sua trajetória, me emociono. Barcelona é linda, vibrante e autêntica como vc! Saudade forever!
Oi Belita,
Obrigada…é muito bom ler estas palavras e ainda mais vindas de você, minha querida e eterna amiga! Saudade sempre de ti! Um beijo
Oi Cris!
Gostei muito do texto e mais ainda, de saber que continuas corajosa, pois te conheci assim. Nisso, espero que não mudes. Sempre em frente, batalhadora e superando as etapas! Tenho orgulho de ser teu amigo. Mas… repense o “voltar para o Brasil”. Considere um passeio por aqui hehehe Beijos!
Primo e amigo querido!
Obrigada…Sao muitas batalhas, das quais, algumas, você acompanhou de pertinho. Afinal, te conheço deste que tu nasceu, pq eu vim primeiro! kkkk! Visita ao Brasil, pelo menos, este ano está garantida. Um beijo e muita saudade!
Cris.
Você coloco no blog, tudo o que você tento dizer para mim, o ano passado, quando estive te visitando.
Estou orgulhosa de você, conseguiste fazer uma análise perfeita de teus quatro anos e de tuas incertezas.
Parabéns vocâ vai longe.
Beijos.
OI Mae,
Pois entao, tentei e agora consegui traduzir em palavras o que sentia. Obrigada por sempre estar me apoiando.
Cris,
considero a capacidade de adaptação uma das maiores virtudes dos homens, pois só ela pode nos fazer feliz em qualquer situação, em qualquer contexto. Adorei seu texto, lido ontem, mas difícil de comentar via i-phone, por isso o faço agora. Beijo, querida.
Oi Paula,
Obrigada por comentar! Fico muito feliz em saber que vc gostou do texto! Eu concordo contigo: tb acho que nossa capacidade de adaptação é uma das grandes virtudes do homem. Um beijo!
Querida,
Agora em outubro fiz o triplo de anos teus, aqui em Milao. Conheço alguns sentimentos teus… Tb comparei, rejeitei pouco, falei a linha rápido, nunca procurei o Brasil aqui, mas fiquei “pronta” para voltar para o Brasil por alguns anos.
A minha vida mudou qdo tive filhos aqui… Vc começa a pensar que esta no pais deles, na pátria deles. Pelo menos isso aconteceu comigo…
A gente se adapta a tudo (ou quase), mas hoje para mim, seria difícil voltar para o Brasil, definitivamente.
Viva seu momento de aceitação da melhor maneira possível!!
Bjs
Oi Vizinha!
Legal saber sobre o teu processo e sobre a tua experiência! Obrigada pela força! Vou aproveitar sim meu momento aceitação e ser feliz :)!
Beijaoooo!
Amor, adorei a tua sinceridade e gostei de ver refletida no teu texto esa evolução que eu vi ao vivo. Espero ter contribuído também com a tua adaptação. Sei que foi difícil e você se esforçou e lutou muito, por isso valorizo a cada día um pouco mais a vida aquí contigo.
Cariño,
Se nao fosse por vc, eu nao estaria lutando para ficar aqui!!! Obrigada por teu carinho e paciência!
Cris, amei teu texto e agradeço por dividires conosco suas descobertas, seus aprendizados…
Tenho orgulho de ser tua prima…és mt especial uma grande guerreira.
Te amo muito
Beijinhos
Gabi
Prima querida!
Obrigada! Tu também eres uma guerreira e um exemplo! Te amo tb! beijo em vc e na tua linda família!
Oi Cris! Muito legal seu texto, imagino como difícil foi no começo, principalmente com outra língua, mas com o tempo vc conseguiu se adaptar e descobrir coisas que vc se sai super bem, como interagir com as pessoas.
Muito show teu texto, beijos:).
Lu, querido! Obrigada!!!
Cristina!
O meu tempo é o dobro que o teu 8 anos! e passei por quase tudo isto… comparação (isto é o pior, rejeição (muito pouquinho) e aceitação ( é o melhor!!!!!) A minha adaptação aqui melhorou quando vi que o problema era eu.. passei a sorrir para os locais, e o melhor: eles sorriram de volta :):)Descobri que a felicidade não é um estado geográfico, é um estado de espírito. E como capricorniana muito prática, o meu lema é: estou feliz onde eu estou. Se não estou feliz vou-me embora.
Viver com paixão a cidade em que estamos é o melhor que pode nos acontecer na alma. Somos cidadãs do mundo, e isto é maravilhoso. Voltar para o Brasil? É difícil… depois que vemos de fora o tanto de coisas erradas que acontecem por lá… não saberia mais conviver com aquilo tudo.
Parabéns pelo blog, parabéns pela atitude! viver e não ter a vergonha de ser feliz!!!
Beijos!
Oi Rita,
Ser cidadao do mundo é muito bom! De uma forma ou de outra, eu escolhi ser um cidadao do mundo e cá estou! Adorei o que tu escreveu! Com o blog, estou deixando Barcelona sorrir para mim e tb estou sorrindo para ela. Obrigada pelo comentário! beijo!
Oi Cris, me identifiquei com você,estou nesta linda cidade há 8 meses. No entanto meus sentimentos foram “a reves”. Meu objetivo aqui é fazer um mestrado em Direitos Humanos e voltar para o Brasil, contudo alguns pensamentos vem mudando. Um dia podemos ir à uma cafeteira e nos
conhecermos. Beijos
Luciana,
Será um prazer conhecer você. Qdo quiser! É só mandar um email! Beijo e bons estudos! Já fiz parte do meu doutorado em Roma e foi muito legal!–
O melhor a fazer quando se muda de rincão, é não ficar cultivando lembranças, nem fazendo comparações. É importante descobrir a nova terra, curtir, saborear. Integrar-se. Preste atenção na sonoridade da lingua, na sua frequente invasão no italiano, no francês e até no português. Cultive o novo e, sobretudo, aproveite tudo de bom que a nova terra e, no teu caso, Barcelona, oferece. VALE!! e desculpe els molestie!
OI Pai,
De uns tempo para cá estou aprendendo a ver o novo. Até vou voltar para as aulas de catalao! Beijo e obrigada pela força sempre! Tu e a mae sempre apoiando as minhas loucuras!
Cris, sempre te acompanho… lindo texto!!!!
Todos os dias dou uma olhadinha no “Sol de Barcelona” buscando o que tem de bom por aqui 🙂
Estou em Bcn no processo do Doc ainda, mas tenho um desejo enorme de ficar e confesso que muitos dos teus medos são meus tb.
Dúvidas! Não vivemos sem elas!
Bola pra frente… Sempre!!!
Oi Juliana
Obrigada…Tao bom saber que vc sempre passa por aqui. É isto…Bola para frente sempre! Obrigada e beijo!
Cris, que texto mais bonito e verdadeiro. Me vi em várias frases, em várias palavras e creio que estou ainda neste renascimento que é viver fora, se descobrir e descobrir outras formas de ser feliz.
Parabéns pelo belo depoimento!
Oi Viveca,
Obrigada pelo elogio. Que bom que vc se identificou. Pois é isto…o processo é lento, mas a gente chega lá!
Cris! Eu pude ver sua mudança de atitude e fico muito feliz por vc! Muitas vezes os maus momentos nós fazem crescer e ver o mundo com outros olhos. Grande beijo!
Oi Dani,
Verdade! Eu me lembro de um dia na praia contigo e com o Ro e eu falando que ia embora com toda a seguridade do mundo! beijo
Nossa Cris, adorei o texto e me identifiquei muito com ele. Eh isso aí, cada novo dia temos a possibilidade de melhorar e descobrir mais sobre nós mesmas e do que somos capazes. Beijo e força sempre! Até amanhã 🙂
É isto mesmo, Livia! Sempre melhorando e descobrindo coisas novas sobre a gente! Beijo e obrigada por comentar!
Oi Cris,
Muito legal teu artigo. Eu não sabia que tinhas vindo morar de vez em BCN, achava que estava aqui temporariamente. Muito legal.
Me identifiquei com algumas coisa do teu artigo, já que também estou ai completando 7 anos de europa, em Londres.
Na natureza, sobrevive aquele que melhor se adapta!
Grande beijo!
JB
Binder, velho amigo de guerra e festas em Blumenau. Que alegria te ter por aqui e saber mais de ti. Pois entao! Vim para saber qual é e aqui estou! Bom saber que tu se identifica com o texto! Um beijo!