Cemitério Poblenou: quando morrer é uma arte!
Meu pai gosta de contar que quando eu era pequena, e estavamos viajando, não podia ver um cemitério que já pedia para parar. A verdade é que os cemitérios sempre me atraíram, sempre achei que eram espaços de história. Não procurava por mortos ilustres. Eu gostava mesmo era de perambular entre os túmulos lendo os nomes, as datas de nascimento e morte, tentando imaginar o que aquelas pessoas tinham vivido.
Me chamava a atenção o fato de que nem os cemitérios, lugar onde todos deveríamos ser iguais, escapam do desejo do ser humano de ser diferente, de mostrar o seu poder social e econômico. Nem a morte é capaz de nos igualar, triste constatação.
Hoje, dia 1 de novembro, é dia de todos os santos, dia de visitar os cemitérios na Espanha, dia de levar flores aos mortos, de lembrar de cada um dos seres que se foram. Para mim, é o dia perfeito para escrever sobre o cemitério do Poblenou, um lugar onde a arte, a vida e a morte convivem em harmonia.
O cemitério do Poblenou foi o primeiro a ser construído fora da cidade amuralhada, no ano de 1775. Foi idealizado para solucionar os problemas de insalubridade que os enterramentos em fossas paroquiais causavam. Durante a invasão de Napoleão, o cemitério foi destruído. Em 1813, o arquiteto italiano Antonio Ginesi foi o responsável por reconstruir o cemitério, inspirando-se nos ideias da Revolução Francesa.
O estilo empregado pelo arquiteto foi o Neoclássico. Seguindo os princípios de igualdade e racionalidade ordenou o cemitério de forma que todos fossem iguais, onde ninguém era mais que ninguém, adotando o sistema de nichos verticais.
A capela e a entrada do cemitério refletem o estilo Neoclássico com colunas que remetem a razão, a arte grego-romana e pirâmides a ciência, representando a perfeição das formas imutáveis.
Na segunda metade do século XIX, a burguesia da cidade não estava interessada no discurso de igualdade que a arquitetura tentava impôr a Barcelona. Neste período, a capital da Catalunha despontava como a cidade mais rica da Espanha, por conta da indústria têxtil, e novos ricos surgiam no cenário social e político.
Em 1852, a burguesia exigiu ao cemitério um departamento exclusivo, onde construir seus mausoleos e túmulos ostentosos. Esta parte é uma verdadeira galeria a céu aberto, com esculturas de anjos, mulheres e seres que enfocam a morte e a história dos mortos. Passear por este departamento é como abrir um livro, onde a história de Barcelona e sua gente se conta através de esculturas, grades e lápides. Um livro que pode ser tanto de história como de arte.
É interessante observar como o estilo modernista, que se estava empregando nas construções do Passeig de Gràcia por Gaudí e outros arquitetos, também está presente nos túmulos do Poblenou. Por isto, os cemitérios mais que falar da morte nos falam da sociedade em que vivemos e dos nossos costumes. Afinal, a morte faz parte da vida!
Por todo o cemitério vemos lucir esculturas de grande beleza, mas nenhuma delas supera o Beijo da Morte, encomendada a Jaume Barba, em 1930, pelos pais do jovem morto e ali enterrado.
Uma curiosidade deste cemitério, é que no final dele tinha um departamento destinado aos judeus. Atualmente, este departamento está destinado aos ciganos. Enquanto, nos voltamos a tumbas más discretas, em nichos verticais, os ciganos optam por túmulos ostentosos recuperando os ideias de enterramento do final do século XIX e começo do XX da burguesia catalã.
Como visitar:
Você pode visitar o cemitério por livre ou com visita guiada. Eu recomendo a visita guiada, que é super legal.
Visitas guiadas gratuitas
1er domingo do mês
10:30 en catalão/ 12:30 em espanhol
3er domingo do mês
10:30 em espanhol/ 12:30 en catalã
Endereço:
Av. Icària, s/n.
Como chegar:
ônibus:
14. Vila Olímpica – Passeig Bonanova
26. Poblenou – Sant Andreu
36. Paral·lel – Avda. Rio de Janeiro
41. Pl. Francesc Macià – Diagonal Mar
Metro:
Linea 4 – Estação Llacuna (saída rua de la Ciutat de Granada)
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